A geopolítica da transição energética.
Notadamente, questões geopolíticas se fazem presentes nas discussões do setor de energia. A indústria do petróleo é um caso emblemático: os interesses envolvidos são tão grandes que transcenderam o espectro comercial e foram o estopim de diversas guerras ao longo dos últimos 120 anos. É sintomático que as duas grandes superpotências do século passado fossem exatamente países com enorme disponibilidade energética em seus territórios.
A agenda climática não está isenta da influência da esfera geopolítica e econômica, visto que as medidas de redução das emissões de gases do efeito estufa tem impactos sobre a competitividade relativa das economias dos diferentes países.
Um exemplo bastante interessante de como os interesses econômicos influenciam as estratégias dos países nas discussões ambientais é a posição dos EUA.
O mesmo país que resistiu a metas em acordos climáticos, como o Protocolo de Quioto, foi pró-ativo na década de 1980 contra gases do buraco da camada de ozônio, por identificarem uma oportunidade comercial no combate aos gases causadores do buraco na camada de ozônio, com ganhos econômicos para a economia norte-americana.
É possível afirmar que o Brasil se encontra bem-posicionado para qualquer que seja o direcionamento da lógica de transição energética, dadas a sua disponibilidade de fontes energéticas e a maturidade tecnológica.
E é importante que assim seja: o Brasil necessita de disponibilidade energética, como forma de garantir recursos para o crescimento econômico, ao mesmo tempo em que encontra nos debates ambientais internacionais um dos espaços nos quais o país é indispensável e protagônico globalmente.
O ponto a ser atentado pelos responsáveis pela política energética brasileira são as ressalvas que narrativas únicas e a condenação de tecnologias consagradas, eficientes e sustentáveis no Brasil devem receber.
A sua energia é o nosso negócio.