Na semana passada, em nome da segurança no suprimento nacional de energia, a Alemanha anunciou que irá manter duas de suas três usinas nucleares funcionando, até pelo menos abril do ano que vem. Após o desastre na usina nuclear de Fukushima, em 2011, a Alemanha tinha decidido desativar todas as suas centrais nucleares. Com o fechamento do gasoduto Nord Stream 1, decorrência da guerra e das sanções econômicas contra a Rússia, o país vem tentando ampliar as alternativas de obtenção de energia, medida fundamental para enfrentar o inverno que se aproxima. A Alemanha tinha encerrado o funcionamento de três reatores nucleares em 2021, e a finalização dos três restantes deveria significar o fim também, do uso desse tipo de energia no país. Decisão tomada no governo de Angela Merkel.
Antes do início da guerra na Ucrânia a Rússia supria 49% do gás consumido pela Alemanha, fundamental para as residências e para o funcionamento da maior economia, e da indústria mais robusta da Europa. O consumo do produto para a Europa como um todo era suprido em cerca de 40% pela Rússia. Com a guerra, a Rússia reduziu as exportações para o continente ao mínimo, como uma forma de retaliar as duras sanções econômicas que vem sofrendo. Recentemente o país tinha interrompido o fornecimento via Nord Stream para a Alemanha.
O ataque terrorista contra os gasodutos Nord Stream 1 e 2, em 23 de setembro, agravou um problema que já era muito crítico. Curiosamente ao mesmo tempo em que os dirigentes de alguns países da Europa tentavam incriminar a Rússia com o atentado, o ex-ministro polonês das Relações Exteriores, Radoslaw Sikorski, postou no Twitter uma mensagem que resume o problema. Ao lado de uma foto do local onde aconteceram as explosões, escreveu: “Obrigado, EUA”. Uma operação especial de manutenção”. A Rússia solicitou em seguida ao atentado uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, para discutir o assunto.
A Alemanha se esforça para minimizar os prejuízos de uma dependência estrutural de energia da Rússia, que agora com a crise política, ameaça fazer o país regressar ao Paleolítico. Em setembro último o país nacionalizou uma empresa importadora de gás (Uniper), decisão acelerada pelo anúncio da estatal russa de energia Gazprom, no início daquele mês, de interrupção do fornecimento total de gás à Alemanha, por tempo indeterminado. A situação da Alemanha é o mais extrema, mas a dependência da Europa do fornecimento de gás russo é geral, chegando no caso de alguns países à 100%. Com a aproximação do inverno no hemisfério norte, quando em muitos países as temperaturas caem frequentemente para menos de zero grau, a situação pode ficar muito feia. Segundo informações públicas os estoques de gás estão com 10% ou 20% da capacidade máxima, nos países do continente.
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