O que a tragédia no RS tem a ver com a emergência climática?
Apesar de não ser a primeira tragédia relacionada às chuvas no Sul do país, especialistas apontam que as mudanças climáticas têm intensificado e tornado essas situações mais frequentes.
Uma postagem publicada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no X (antigo Twitter) relaciona a foto do ano de 2023 com o agravamento da situação climática, e como tudo isso vem sendo alertado por pesquisadores.
O aumento das temperaturas e do carbono que circula na atmosfera provoca maior calor nos oceanos que, aquecidos, causam mais fenômenos como ciclones e também prejudicam as florestas. Tudo isso impacta as chuvas e secas e o ciclo da água, que fica desregulado.
O El Niño, fenômeno que aumenta a temperatura da superfície da água no Oceano Pacífico, provocando nuvens mais carregadas e chuva, também possui impacto nesse processo, e é acentuado pelas mudanças climáticas. O tema é foco de estudo das pesquisas da professora de Oceanografia da UFSC, Regina Rodrigues.

O fenômeno do El Niño é recorrente e sempre ocorreu, porém tem se tornado cada vez mais frequente e durado mais tempo. Além disso, os impactos nos eventos climáticos têm se mostrado mais intensos.
O que as mudanças climáticas fazem? Uma, elas estão intensificando um pouco o El Niño. Então, esses bloqueios atmosféricos, que deixam essa massa de ar quente, estão ficando um pouco mais fortes. E o outro fator é que, com as mudanças climáticas, a atmosfera está mais quente. Quando a atmosfera está mais quente, ela carrega mais umidade, onde os montantes de chuva são muito maiores. E é isso que ocorreu no Rio Grande do Sul. Chegamos a chuvas, a precipitação muito, muito acima da média, que bateu recordes históricos — detalha a pesquisadora.

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