Quem pagará os custos da transição energética?
Nas últimas semanas de novembro, a temperatura nos termômetros de diversas cidades do Brasil subiu e bateu recordes. Do total de 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal, ao menos nove chegaram a apresentar aviso de onda de calor com alerta vermelho de “grande perigo”. O dado, do Centro Virtual para Avisos de Eventos Meteorológicos Severos (ALERT-AS), do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), revela só uma parte do gigantesco problema em torno do fenômeno.
Em situações como essa, volta à tona debates como o da transição energética. Não é um assunto novo, porém a sua discussão — e, mais importante ainda, sua implantação — é urgente. “A velocidade em que [a mudança do clima] está ocorrendo é um dos verdadeiros problemas em torno da transição energética”, alerta Marcelo Martínez Mosquera, presidente do Departamento de Energia da União Industrial Argentina
O especialista palestrou no Alacero Summit 2023, em São Paulo, evento da indústria de aço realizado este mês que teve um bloco exclusivamente dedicado aos temas da sustentabilidade e da transição energética. Para Mosquera, acelerar tal mudança depende, dentre outros fatores, da resolução de um dilema que dói no bolso. “No mundo, a energia eólica tem crescido 15% ao ano há 15 anos, e a solar, 20% há mais de 10 anos, mas hoje o debate é sobre quem pagará os custos da transição energética.”
A conta de transição é alta. Um estudo do Boston Consulting Group (BCG), divulgado na semana passada, aponta que é necessário investir US$ 37 trilhões até 2030 em fontes renováveis, como a eólica e solar. Até o momento, os setores público e privado anunciaram US$ 19 trilhões. Faltam, então, US$ 18 trilhões, considerados cruciais para as empresas atingirem suas metas net-zero e o mundo não ultrapassar o 1,5°C de aquecimento global, definido no Acordo de Paris.

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