Transição energética é necessária e ao mesmo tempo desafiadora.
Para o diplomata Carlos Pascual, a próxima eleição norte-americana e os conflitos entre Ucrânia e Rússia e Israel e Palestina são algumas das questões que podem influenciar o mercado de energia e o debate sobre transição energética no mundo. Ele coordenou, durante a 3º reunião do Grupo de Trabalho de Transição Energética, realizada em junho, uma mesa sobre geopolítica e energia com especialistas da área e apresentou algumas tendências diante dos principais fatores geopolíticos do momento.
Carlos Pascual é um diplomata cubano-americano e foi embaixador dos Estados Unidos no México e na Ucrânia. Ele também atuou como coordenador para Assuntos Energéticos Internacionais no Departamento de Energia dos Estados Unidos. Atualmente, é vice-presidente e chefe de geopolítica e assuntos internacionais na S&P Global no México.
Estamos num momento histórico de transição energética no mundo. Nunca antes procuramos transformar completamente a natureza da produção e utilização da energia. Demorou 100 anos até que o petróleo se tornasse mais utilizado do que o carvão e ambos pudessem continuar no sistema energético. Agora, estamos tentando algo diferente, que nunca fizemos, que é mudar completamente os combustíveis que usamos para utilizar as energias renováveis e, eventualmente, eliminar gradualmente o uso de hidrocarbonetos. Esta transição dos hidrocarbonetos é extraordinariamente desafiadora e levará tempo. Então, como podemos satisfazer a economia energética que temos hoje? Precisamos ser capazes de atender a demanda por energia para manter os preços razoáveis. Se não conseguirmos encontrar uma maneira de suprir a demanda, temos o risco do aumento dos preços.
O que também enfrentamos é o desafio de investir numa nova economia energética com novos combustíveis, novas fontes, como a eólica e a solar, o hidrogênio, novas tecnologias como a captura de carbono. Mas precisamos fazer isso paralelamente ao atendimento da demanda e da economia energética de hoje. Caso contrário, simplesmente não conseguiremos alcançar a transição e é isso que é tão difícil hoje.
A sua energia é o nosso negócio.